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quinta-feira, 23 de abril de 2015

COZINHA MULTIFUNCIONAL

Muito cacique para pouco índio

Recentemente estava folhando uma pilha de currículos a procura de candidatos para uma vaga de auxiliar de cozinha no Hashi. Ao final desta seleção me deparei com um sentimento imenso de indignação. Entre mais de cem currículos, a maior parte deles era para a vaga de cozinheiro, outros tantos para chef de cozinha e nenhum para a vaga de auxiliar.

Este sentimento me levou ao passado, quase 20 anos atrás, quando iniciei nesta profissão, onde todos se sentiam auxiliares, e ingressar numa cozinha, mesmo que na louça, já era uma vitória, era o começo de uma carreira. Somente depois de algum tempo, muita persistência, dedicação e uma dose gigante de humildade, começávamos a nos sentir um pouco mais preparados, um pouco mais seguros para mostrar o que havíamos aprendido, e rezar para que novas oportunidades se abrissem. E como elas demoravam para acontecer. A máxima de que a repetição leva à perfeição se aplica muito na cozinha. E era assim que aprendíamos…

Voltei para a pilha de currículos na minha frente, e à minha busca frustrada de alguém que imaginei chamar de auxiliar de cozinha. Hoje já muito diferente do que antes, este auxiliar não precisa mais entrar lavando louça e penar meses para ter uma chance com uma faca. As faculdades, os cursos profissionalizantes e as escolas de gastronomia abreviaram esta passagem pela base da cozinha. Abreviaram tanto que hoje todos querem entrar cozinheiros ou chefs. Mal se formaram, não trabalharam e já querem demonstrar toda a sua técnica e experiência adquiridas na sala de aula. Ninguém mais quer começar do começo. Um cozinheiro, assim como em outras profissões, tem que passar por várias etapas para se tornar um bom profissional. Querer pular a “parte ruim” é jogar fora um pedaço importante da sua formação. A humildade é a base do aprendizado!

Somente hoje, depois de quase 20 anos na cozinha, me sinto maduro para chefiar uma equipe, para criar, para ter uma linha coerente de pensamento, para tocar um grande restaurante. Me detenho um pouco mais nos detalhes dos currículos à minha frente e leio “chef de cozinha com dois anos de experiência no ramo”, e fico pensando se este é o futuro profissional que teremos por aí. Recorro até as mídias sociais, onde chove de tudo, e exponho minha indignação gerando um mar de comentários de colegas e amigos, cúmplices deste sentimento de que algo está fora da ordem. Fico feliz em não me sentir tão sozinho, este é o tipo de problema que só muda de endereço.

Por fim, diante de todo esse bafafá, surgem os auxiliares, os primeiros contatos de candidatos dispostos a percorrer o único caminho para se tornar um bom cozinheiro. Me pego sorrindo de novo, enquanto leio os novos currículos, contente em ver uma luz de esperança, uma pequena faísca, neste tão “glamouroso” mundo da cozinha.

Carlos Kristesen é chef e proprietário do HASHI

sexta-feira, 6 de março de 2015

A GASTRONOMIA HOJE: há como definir?

A "crise de confiança" na indústria gerou a moderna "angústia alimentar"

James Gillray, Gargantas monstruosas, 1787
Museu Fitzwilliam em Cambridge, Inglaterra
Quando surgiu A fisiologia do gosto (1825), de Jean Anthelme Brillat-Savarin, a gastronomia era cogitação de um pequeno círculo de pessoas, acostumadas a uma vivência aristocrática que incluía rituais de comilança ligados à caça, aos produtos da estação e aos melhores vinhos que então se fazia. Mas o livro de Savarin, além de ser uma obra de vulgarização científica, como tantas outras “fisiologias” então publicadas, encerrava um recado importante para a França: já não seria mais necessário ter “sangue azul” para se comer bem, pois bastava ter dinheiro e cultura culinária – ele pensava na burguesia nascente – para poder desfrutar do melhor, a exemplo do que a nobreza fizera até a Revolução Francesa (1789).
O livro ensinava o que seria, a partir de então, a tal “cultura culinária”. Basicamente uma nova atitude diante do mundo comestível, que consistia em desenvolver critérios para reconhecer “o melhor” entre alimentos únicos ou assemelhados, sabendo prepará-los e consumi-los, levando em conta, ainda, a situação social do consumo. Essa atitude, que nasce como uma atividade comparativa e tendo como critério decisivo o hedonismo, só poderia ser de caráter público, pois, nela, de pouco valem os critérios individuais ou juízos desenvolvidos e guardados no seio de uma família; era necessário, acima de tudo, o reconhecimento público das virtudes do alimento ingerido. Se não fosse público, como tomá-lo como signo de distinção social? Desde cedo, portanto, a gastronomia burguesa apresentou uma vocação para estar associada aos restaurantes, mais do que aos palácios.
Passados quase duzentos anos, a gastronomia desempenha um papel completamente novo na sociedade. Tornou-se um tema cultural tão importante quanto a moda, a sexualidade, a violência. É reivindicada como aparentada às artes, à simples nutrição, ou mesmo aos negócios. Sua assombrosa vulgarização parece exigir de cada um de nós que saiba explicar, a qualquer momento, afinal por que escolheu comer determinada coisa e não outra.
Lucien Karpik (L´économie des singularités, Paris, Gallimard, 2007), critica a incapacidade da economia clássica para explicar os fenômenos da escolha – os serviços profissionais, as obras de arte, a alta culinária, o grande vinho, os bens de luxo, o turismo, numerosos produtos da indústria cultural, certos bens do artesanato e modalidades especiais de conhecimento – asexpertises.  Ele se detém especialmente na análise da escolha dos vinhos que, após a Segunda Grande Guerra, tiveram sua valorização ligada a procedimentos como os leilões, que lhes conferiram a aura de “obras de arte”. E é uma atitude assemelhada o esforço de marketing, hoje tão comum, para apresentar um simples azeite, arroz, salmão ou o que seja como “gourmet”. Portanto, não basta ler Savarin para nos situarmos no mundo moderno. É preciso reconhecer que o tratamento da alimentação mudou e hoje se dá, simultaneamente, em três planos distintos.
Em primeiro lugar a culinária, que nos remete ao conjunto de transformações materiais por que passam as matérias-primas alimentares até serem consumidas, incluindo tecnologias, tabus alimentares etc; em segundo lugar, a gastronomia, entendida como aquele procedimento comparativo que indica as melhores formas de tratamento de um determinado produto, dentro de uma determinada sociedade ou grupo com uma configuração de gosto particular; em terceiro, a gastronomização, que é a projeção dos valores associados à gastronomia no território do marketing e demais argumentos de venda de um produto alimentar.
A ciência, sem dúvida, pode nos socorrer no entendimento dessa tripla dimensão da alimentação. O conhecimento da culinária depende da compreensão dos processos físico-químicos que se passam dentro da panela. Ele se desenvolveu muito associado ao avanço da indústria alimentar e, nas últimas duas décadas, ocupou também o terreno do “artesanato”conforme praticado nos restaurantes e, por imitação, nos lares dos mais aferradosgourmets. Já a gastronomia se desenvolveu nos últimos trinta anos, a par com os novos conhecimentos da fisiologia humana, mostrando como o consumo alimentar, além do paladar, mobiliza os outros quatro sentidos de modo a produzir uma complexa noção de “gosto”, enraizada na nossa psicologia. Por fim, a gastronomização é objeto de disciplinas como a semiótica, mostrando como aquilo que é percebido pelos sentidos compõe o moderno signo alimentar que se expressa em vários domínios, notadamente o marketing e a publicidade.
No entanto, nem sempre foi assim, e a grande mudança de status do comer no mundo moderno, pondo em destaque a qualidade do que se ingere em vez da simples quantidade, se deveu – segundo ensinam sociólogos como Jean-Pierre Poulain – à crise de confiança na indústria alimentar. Ela, que se mostrava tão segura até os anos 1980, vendendo-se como a única garantia de qualidade para a alimentação nas sociedades de massa, teve sua credibilidade corroída a partir do episódio conhecido como “vaca louca” (encefalopatia espongiforme bovina), surgida na Inglaterra por conta do modo de alimentação e manejo dos rebanhos, submetendo-os ao canibalismo, gerando o mal que, acredita-se, poderia ser transmitido aos homens e outras espécies animais.
Ora, a “crise de confiança” na indústria gerou, em contrapartida, a moderna “angústia alimentar”, fruto da incerteza sobre a qualidade do que comemos, e as respostas dadas a essa “angústia” foram inúmeras nos últimos trinta anos. A mais importante foi dar maior transparência ao processo de produção dos alimentos, através da certificação publicamente acreditada, de origem e formas de produção. O label rouge, a produção dita “orgânica”, a “sustentabilidade”, a garantia de algo entendido como “natural” (isento de agrotóxicos, antibióticos etc.) foram todos expedientes adotados pelos produtores para minimizar a “angustia alimentar”, rompendo seu caráter de fatalidade e, ao mesmo tempo, criando alternativas de escolha, ou nichos gastronômicos, que, por sua vez, a gastronomização sabe tão bem aproveitar nos tempos atuais. Desse modo, fecha-se a conexão moderna que liga, de forma indissociável, a culinária à gastronomia e esta, à gastronomização.
Pelo lado dos consumidores, desenvolveram-se várias estratégias de autodefesa, sendo notável a dietificação da alimentação cotidiana. Uma tendência moderna é a identificação forte dos indivíduos com ideologias alimentares de cunho religioso (vegana, por exemplo), de orientação “natural”, social (“sustentável”), calórica, ou estética (“gourmet”), além da identificação dos produtos com os locais onde foram produzidos (“terroir”). Assim, o mercado de massa, geral e indiferenciado, típico da produção fordista do pós-guerra, cede passo à forte “nichelização” do consumo do dia a dia. Como consumo é também produção, as duas pontas do processo ajustam-se como a mão e a luva.
Na medida em que as ideologias dieticistas ampliam sua vigência, reforça-se a necessidade de novos conhecimentos por parte dos consumidores. Desde a organização de hortas urbanas, que exigem conhecimentos de agricultura, aos cursos de enologia, um novo mercado vigoroso vai se erigindo para oferecer, aos consumidores ávidos, a porta de acesso a novas práticas que convergem todas para a mesa. No fundo, são as práticas de incorporação dos alimentos que estão em questão, pois é um traço universal em nossa cultura – e Savarin expressou isso com clareza – a crença de que somos o que comemos. Acaso a eucaristia também não corresponde a essa ideia-mãe?
Entende-se, assim, por que os chefs de cozinha, profissão secular, se tornaram, quase que do dia para a noite, essa espécie de sacerdotes modernos a nos dizer o que é melhor comer. Manipulando – cada um à sua maneira – os valores sociais ligados ao bom, ao agradável e ao belo, fazem da busca do reencantamento do mundo uma aventura cultural sem precedentes na história. Eles estão a nos dizer que, fora da gastronomia, não há salvação; que a incorporação é, hoje, um risco tão grande que é melhor entregar-se, de corpo e alma, a esse novo culto. E se levarmos em conta que o comer “fora de casa” é uma força extraordinária e crescente, talvez não haja outro remédio. Afinal, quando desaprendemos como cozinhar, renunciando ao lar, entregamos nossa alma ao mercado. É preciso aprender a lidar com isso.
Felizmente, aqueles que se interessam por estudar o fenômeno moderno da gastronomia – e não só usufruir dessa diretriz hedonista da moderna culinária – já possuem um instrumento bastante amplo e eficaz, que é o recém surgido Dictionnaire des cultures alimentaires (PUF, 2012), coordenado por Jean-Pierre Poulain. Essa obra, que reúne a produção de 162 especialistas nos mais diversos ângulos da alimentação, através de 230 artigos, permite ao leitor varrer inúmeros assuntos seus conhecidos, em abordagens sempre criativas, ou absolutamente inéditos. O livro representa um novo grau de maturidade das “ciências da alimentação” que ganharam grande impulso justamente através dos estudos pioneiros de Jean-Pierre Poulain e de Claude Fishler – ambos orientados academicamente por Edgar Morin nos anos 1970.
Sociologias da alimentação (UFSC, 2004) é talvez o livro de Poulain que mais fortemente influenciou os estudiosos das humanidades que se dedicaram ao tratamento moderno da alimentação em seus múltiplos contextos sociais. Além disso, num percurso criativo, Poulain conseguiu restabelecer os nexos perdidos entre os estudos modernos da alimentação e as preocupações já enunciadas nas obras dos clássicos (Émile Durkheim, Georg Simmel etc.). Desse modo, os últimos quarenta anos não correspondem apenas ao período de definição de um novo lugar para a alimentação em nossas vidas; também é o tempo decorrido de desenvolvimento das “ciências da alimentação” de modo a não ficarmos entregues a um voo cego que devore nossas melhores energias para entender o que está ocorrendo à nossa volta.

FONTE:
Carlos Alberto Dória

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

OS CORTES DE CARNE BOVINA


É normal surgir àquela dúvida, especialmente entre os novatos nas artes culinárias: qual é a melhor carne pra um churrasco? E pra um ensopado? O que é carne de primeira e carne de segunda?

São muitas perguntas, que podem ser respondidas de maneira simples – apenas tendo um guia para nos orientar. Preparamos a lista abaixo dos cortes de carne bovina e sua melhor utilização. Você pode até imprimir essa página e deixar em um lugar visível da sua cozinha.

1 – Peito: Corte de segunda (pode vir com osso ou sem osso). Boa para caldos, cozidos e ensopados.

2 – Pescoço: Corte de terceira. Boa para sopas e cozidos.

3 – Cupim: Corte de segunda. Boa para churrascos. Pode ser o vilão de uma dieta, já que é um dos cortes mais gordurosos do boi.

4 – Acém: Corte de segunda. Boa para bifes de panela, ensopados e assados. Junto com o patinho, é considerado o melhor corte para carne moída.

5 - Braço (ou paleta): Corte de segunda. Boa para cozidos, caldos, ensopados e molhos. Por ser bastante saboroso, é um corte escolhido também para rechear.

6 – Músculo: Corte de segunda e de terceira. Boa para ensopados, cozidos, caldos e molhos. O ossobuco é músculo ainda com osso, ainda com o tutano. Depois de cozido, fica uma delícia com pão, por exemplo.

7 – Capa de filé: Corte de segunda. Boa para assados e refogados.

8 – Aba de filé: Corte de segunda. Bom para hambúrgueres e croquetes.

9 – Ponta de agulha: Corte de terceira. Boa para caldos, ensopados e refogados.

10 – Filé de costela: Corte de segunda. Boa para fazer ensopados e refogados.

11 – Contrafilé (ou filé de lombo): Corte de primeira. Boa para grelhados, assados, churrascos e rosbifes. Seu grande segredo é não deixar passar do tempo ideal para não endurecer, com exceção à carnes maturadas, que são muito mais macias. Busque sempre as peças com capa de gordura, que ficam mais macias e saborosas durante o preparo.

12 – Filé mignon: Corte de primeira. Boa para bifes, assados, grelhados, strogonoff e rosbifes. É o corte mais nobre, por ser o mais macio. Para fazer um bom filé mignon não se esqueça da regra básica sobre as carnes: o mais importante é a gordura, responsável pelo sabor. Como o mignon não a tem, é importante untá-lo um pouco.

13 - Picanha: Corte de primeira. Boa para o preparo de assados, cozidos e churrascos. Aliás, é a estrela dos churrascos! Mas isso no Brasil, onde é considerada de primeira. Na Europa, é muito usada para carne de panela. As principais características da peça são o formato triangular, com uma camada de gordura, que é responsável pelo seu sabor, suculência e maciez. A gordura da picanha só pode ser retirada após ter sido assada, caso contrário as fibras de sua carne ficarão enrijecidas e sem gosto. É preciso lembrar que vendem peças picanhas com quase 3 kg de peso. Isso é simplesmente impossível. Um boi confinado, com o devido padrão genético e todas as vantagens tecnológicas, gera a produção de uma picanha de cerca de 1,5 kg no máximo.

14 – Alcatra: Corte de primeira. Boa para assados, grelhados, bifes, refogados e picadinhos. É formada por um conjunto de 5 cortes diferentes de carnes. A picanha faz parte deste conjunto. Em seguida, temos omiolo da alcatra, que seria a ‘própria’, usada nos churrascos tradicionais e justamente do miolo é que se tira o Baby-Beef, uma tira de carne do tamanho de um pequeno bife muito macio e apreciado por todos. Tem ainda mais dois cortes: o Tender Steak e o Top Sirloin, que possuem entre eles um nervo que se aloja dentro do miolo da alcatra. Não é comum assá-los sem estes cortes que retiram o nervo central, evitando que ele enrijeça ou deforme a carne. Assim como a picanha, a alcatra também possui muitas variações em seus cortes, podendo ser bem utilizada também em picadinhos, bifes e assados.

15 - Maminha: Corte de primeira. Boa para grelhados, assados, churrasco e bifes. É a ponta do conjunto de carnes que formam a alcatra. A maminha tem um formato quase triangular e pesa aproximadamente cerca de 2 kg. É muito apreciada em rodízios. A maminha é uma carne com boa espessura, textura e sabor que podem ser melhor aproveitados no espeto, fatiando pouco a pouco, como o cupim. Inicia-se com o sal grosso, depois cobre-se as partes fatiadas com sal fino e volta ao fogo. Outra variação pra churrasco é cobrir as partes fatiadas com um creme de alho. Dá um aroma e sabor inigualáveis.

16 - Fraldinha: Corte de segunda. Boa para assados, ensopados, churrasco, moídos e caldos.

17 – Patinho: Corte de primeira. Boa para assados, cozidos, bifes, moídos e molhos. É ideal para bife à milanesa e para carne de panela.

18 – Coxão duro (ou ponta de alcatra): Corte de primeira. Boa para cozidos, assados, ensopados, moídos e caldos.  É a favorita na preparação  de papinhas  infantis.

19 – Coxão mole: Corte de primeira. Boa para assados, refogados, ensopados e picadinhos. Dá bifes bem suculentos. Ótima também quando grelhada. Neste caso, pode ser também bem condimentada  antes de ser colocada na grelha. Usada em refogados, sopas, bifes rolê, bifes à milanesa, bolos de carne, carne moída, etc.

20 – Lagarto: Corte de primeira. Boa para o preparo de assados, rosbifes, cozidos e ensopados. É uma carne um pouco mais dura e precisa de mais tempo que as demais, no forno, para ficar macia. É uma das carnes favoritas para ser recheada (com bacon, cenoura, cebola já fica uma delícia!), e também a escolhida para, após cozida e bem resfriada, ser fatiada bem fina para carnes escabeche (carne louca). Em bifes, só se for protegida por um massinha para empanar.

21 – Rabo: Não tem classificação de corte. Boa para cozidos, ensopados e refogados.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

SEMENTES CRIOULAS - 1


Quando as famílias de agricultores se visitam, há o costume de levar mudas ou sementes para trocar. A doação ou troca de sementes entre agricultores familiares é uma prática cultural muito antiga, e condição fundamental no melhoramento das espécies ou variedades de plantas. Dessa forma, a humanidade produziu e se alimentou por mais de 10.000 anos.

Porém, em apenas pouco mais de 50 anos, a produção de alimentos sofreu grandes transformações. O modelo industrial agroquímico aplicado no campo por grandes empresas multinacionais negou essas práticas populares de manutenção e melhoramento das espécies, classificando-as como atrasadas. As consequências desse novo modelo de agricultura são muito graves:

Redução drástica na base alimentar dos povos: existem mais de 10.000 espécies de plantas comestíveis – os povos primitivos se alimentavam de 1.500 a 3.000 espécies – a agricultura antiga produzia com base em mais de 500 espécies – a agricultura industrial restringiu a base da nossa alimentação a 9 (nove) espécies, que são aquelas que dão mais lucro ao mercado. O trigo, arroz, milho e soja representam 85% do consumo de grãos no mundo. 
Crescente deficiência nutricional na alimentação humana: isso é conseqüência direta da redução de diversidade alimentar e também porque essas espécies oferecidas pelo mercado são pobres em muitos minerais e proteínas.
Redução da biodiversidade: muitas espécies e variedades já se perderam e as monoculturas vão tomando conta do campo. Há também uma perda da diversidade genética e as plantas vão se tornando cada vez mais susceptíveis a pragas e doenças. A perda da diversidade desequilibra os sistemas – tanto os sistemas naturais como os cultivados.
Crescente dependência de grande corporações empresariais: Algumas poucas empresas querem dominar a produção e distribuição de alimentos no mundo. Estamos cada vez mais dependentes dessas empresas para nos alimentarmos e, portanto sujeitos às suas decisões quanto ao que devemos comer e quanto devemos pagar por isso. A ofensiva dos transgênicos é parte dessa estratégia de controle e dominação.

Uma grande quantidade de espécies que usamos na nossa alimentação é nativa das Américas e foram deixadas pelos indígenas (Astecas, Maias, Incas e outros) como por exemplo: milho, batata, mandioca, feijão, algodão tomate, pimenta, amendoim, cacau, abóbora e outros. Outras foram trazidas de outros continentes, como o trigo e o arroz, mas já por centenas de anos são conservadas e melhoradas pelas famílias agricultoras. Essas sementes que são conservadas e melhoradas pelas famílias de agricultores são chamadas de sementes crioulas. 

As sementes não podem ser privatizadas ou contaminadas com genes estranhos à espécie, como acontece nos transgênicos, e nem tornar-se objeto de dominação dos povos por parte de corporações empresariais. As sementes são patrimônio da humanidade, pois são um legado de nossos antepassados. Elas são tão importantes para a existência humana que são constantemente celebradas e consagradas. 

A disponibilidade e continuidade dessas sementes é virtude e missão da agricultura familiar/camponesa e não depende de nenhuma empresa ou país e, são fundamentais para a garantia de segurança e soberania alimentar dos povos. As sementes crioulas são adaptadas aos ambientes locais, portanto mais resistentes e menos dependentes de insumos, são também a garantia da diversidade alimentar e contribuem com a biodiversidade dentro dos sistemas de produção. A biodiversidade é a base para a sustentabilidade dos ecossistemas (sistemas naturais) e também dos agroecossistemas (sistemas cultivados). 

As iniciativas das feiras de sementes como uma forma de conservação das sementes crioulas, são parte de uma esforço global em defesa da liberdade dos agricultores de cultivarem suas sementes, como estratégia de segurança alimentar e sobrevivência. 

Saiba mais na primeira roda de prosa da IV Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros: "Onde estão as nossas sementes? Erosão Genética, Tecnologias e Poder", com Altacir Bunde, professor e pesquisador da UFT - Universidade Federal do Tocantins; Odirlan Alencar e Sebastião Damasceno, que compartilharão a experiência da COPPABACS, cooperativa de bancos comunitários de sementes, e da ISPN, Instituto Sociedade, População e Natureza; e Sinomar Machado Carvalho e Fernando Ambrósio Trindade, agricultores familiares da Chapada dos Veadeiros e membros diretores da Cooperativa Frutos do Paraíso. Dia 25 de setembro de 2014, às 15h, no Polo da UAB em Alto Paraíso.

FONTE:

sábado, 11 de outubro de 2014

Molecular Gastronomy

This is a video recipe of how to create the dish "Parmesan quail Egg with Migas" from the restaurant Minibar, in Washington D.C by molecular gastronomy chef Jose Andres.

In this simple molecular gastronomy recipe, spherified poached eggs are reconstructed from idiazabal/parmesan cheese water, egg yolk, and bit of molecular gastronomy magic. This molecular gastronomy recipe is brought to you by molecular gastronomy chef Jose Andres from his restaurant Minibar.


VIDEO | Molecular Gastronomy | FOUR Magazine:


sábado, 4 de outubro de 2014

GASTRONOMIA & COZINHA MOLECULAR

Autoproclamado, com co-propriedade, "pai" da gastronomia molecular, Hervé This esteve em Lisboa, no dia 15/05/2014, para duas conferências nas Escolas de hotelaria e turismo do Estoril e Lisboa.


"O termo cozinha molecular (bem diferente de gastronomia molecular, que é ciência e por definição nunca morre) foi usado para distinguir uma cozinha inovadora, que usava ingredientes e técnicas que não eram usados pela cozinha clássica. Quase 30 anos depois do início deste processo, a maioria destas técnicas não são novas. Como o Hervé disse na palestra, muitas delas foram introduzidas antes daqueles estudantes que estavam na plateia terem nascido. Ora se estão integradas, passaram a fazer parte da cozinha clássica, que é uma coisa dinâmica. Sendo assim não é preciso um termo para definir aquelas técnicas, pois elas estão bem integradas.

Ele diz precisamente isto "The term molecular cuisine was sometimes criticized, but the reasons for using it were that innovative cuisine had to be distinguished from science, and in particular from molecular gastronomy. The arguments over the name are unlikely to matter as the term molecular cuisine is likely to die out with the adoption of new techniques." neste artigo 

Tudo isto tem lógica. Há apenas uma falha . As técnicas não estão integradas para uma grande maioria dos cozinheiros. Continuam a ser algo desconhecido, difícil de integrar pois não lhes entendem os fundamentos. Elas não são ensinadas nas escolas, ou quando o são, não são de uma forma correta. Assim é mais fácil recusar. E note que só usa quem quer, não acho que alguém tenha que usar. Agora a necessidade de ser contra, a alegria por alguém dizer que a cozinha molecular está morta (entendendo-o com outro significado) é infelizmente revelador de uma atitude que não é um bom prenúncio para a evolução da cozinha."

Comentário de Paulina Mata
21 de Maio de 2014

Post & Creditos ao amigo:

sexta-feira, 18 de abril de 2014

BIBLIOTECA UNIÃO

Para que gosta de doces, sobremesas, bolos e confeitaria em geral deve conhecer a Biblioteca União. São inúmeras receitas sugeridas por consumidores nos tradicionais livros de receitas que fizeram a história da UNIÃO. Num total de 25 livros que a UNIÃO iniciou a publicação na decada de 60.